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Arquitetos: Vallribera Noray Arquitectes
- Área: 175 m²
- Ano: 2024
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Fotografias:José Hevia

Descrição enviada pela equipe de projeto. Quando a família nos mostrou o terreno pela primeira vez, fez isso com certo ceticismo. "Vocês têm certeza de que aqui cabe uma casa? É um terreno muito estreito", diziam. Mas além dessas dúvidas, também souberam ver que aquela parcela lhes oferecia a oportunidade de mudar de vida, e nos confiaram o desafio.

O terreno era um dos mais estreitos e compridos com que já havíamos trabalhado: apenas 3,80 metros de largura, com casas vizinhas muito altas. No entanto, tinha uma excelente orientação, um grande pátio e uma família decidida a construir um lar que os aproximasse do estilo de vida que desejavam. Aceitamos o desafio imediatamente e, poucos dias depois, começamos a trabalhar no projeto.

Para evitar que a nova casa estivesse encaixada entre as empenas laterais, construímos até a profundidade máxima permitida pela normativa. Mas como não precisavam de uma casa tão grande, esvaziamos a parte central e dispusemos os cômodos principais entre esse pátio interno e as fachadas.

No ponto mais alto da habitação surge uma fachada interna com um vazio vertical e uma grande claraboia que comunicam todos os andares e inundam de luz natural o coração da casa. Os ambientes se organizam em torno desse espaço central: de um lado, a cozinha, a sala de jantar e o escritório; do outro, uma sala de jogos, os banheiros e a lavanderia. As fachadas externas são reservadas para os três quartos.


Optamos por um sistema construtivo misto que combina a madeira com a alvenaria tradicional. As lajes, de madeira maciça, são executadas com vigas que permitem uma montagem por fases e são finalizadas unicamente com um verniz. O telhado e as fachadas são resolvidos com uma estrutura leve de madeira e painéis de compensado. A alvenaria aparente é reservada para a fachada interna, as varandas e os espaços em contato direto com o exterior.
Esses espaços de transição são concebidos como galerias, onde as paredes de tijolo aparente e o piso cerâmico convidam à presença de vegetação. Essa estratégia aproxima o exterior do interior e suaviza a percepção de profundidade graças à entrada de luz sobre a sala de jantar. A combinação de materiais e as diferentes alturas internas geram espaços de qualidade no coração da habitação, apesar de suas proporções estreitas e alongadas.

Além disso, essas decisões respondem a critérios de construção passiva para otimizar a eficiência da casa. No inverno, as grandes aberturas voltadas para o sul e a claraboia atuam como captadores solares; as paredes de alvenaria e o piso cerâmico acumulam calor durante o dia para liberá-lo à noite. No verão, os beirais e as persianas orientáveis bloqueiam a radiação direta, enquanto a claraboia potencializa a ventilação cruzada noturna para refrescar o ambiente.

Graças a esses sistemas passivos e a um isolamento adequado, elimina-se a necessidade de aquecimento e refrigeração. Não se instala climatização mecânica e, em seu lugar, os painéis fotovoltaicos cobrem boa parte da demanda energética anual.

Hoje, as incertezas que aquele terreno despertava deram lugar à clareza. No espaço antes estreito e alongado, ergue-se agora uma habitação ampla, iluminada e harmoniosa, perfeitamente alinhada ao estilo de vida de uma família que soube reconhecer as virtudes ocultas em uma oportunidade pouco evidente.















